Erros de Comunicação e Marketing em Trabalhos Acadêmicos

Como já ministro aulas há 20 anos e corrigi muitos trabalhos, sejam projetos interdisciplinares ou TCCs (Trabalhos de Conclusão de Curso), tenho percebido muitos erros dos estudantes, que precisam ser  comentados para que sejam corrigidos daqui por diante.

 

Antes de mais nada, o maior problema é, sem dúvida, a Língua Portuguesa, pois os erros de ortografia e gramática são absurdos. Muitas vezes tenho que reescrever todo o trabalho. A situação é crítica e penso que os professores deveriam ensinar e exigir muito mais no Ensino Fundamental para que no Ensino Médio e Superior os estudantes não chegassem com dúvidas básicas e equívocos grosseiros.

No momento da pesquisa inicial para os temas e os contatos principais já se encontram os primeiros enganos dos alunos. As vezes se concentram em uma única fonte, outras não tão confiáveis, em dados nem sempre atualizados. No momento da pesquisa de campo nem sempre vão preparados com uma busca prévia do que pode   ser encontrado em fontes secundárias (como na Internet) e perdem  tempo com questões básicas nas entrevistas com  os gestores. Em certas ocasiões mencionar que é estudante e que se está fazendo um trabalho para o colégio ou a faculdade pode não resultar em portas abertas. Há uma desconfiança na transmissão de informações ou uma sensação de perda de tempo com alguém que não irá gerar receita de imediato para a empresa na maioria dos casos. 

 

Uma dificuldade essencial é não entender a diferença entre Comunicação e Marketing. É claro que este último envolve o primeiro, mas não são sinônimos. A Comunicação abrange as formas de divulgação, mas não necessariamente venda do produto ou serviço e está mais ligada à Publicidade, com o objetivo de tornar público um fato ou notícia.  Já o Marketing é um complexo processo que compreende  desde a elaboração do produto ou serviço até o seu pós venda, abarcando estratégias de precificação, promoção, ponto de venda e distribuição.

 

Em muitos trabalhos são solicitados que os discentes definam quais serão as estratégias de Comunicação e de Comercialização e não raro os mesmos não conseguem distingui-las. De fato, em um primeiro momento elas se  parecem muito  e podem até se confundir. No entanto, pode-se usar um canal para apenas informar sobre o negócio, mas não para vendê-lo. Por exemplo: posso ter o Website para mostrar a minha empresa como um todo, mas sem um mecanismo de e-commerce, o que significa que os clientes interessados terão que buscar outras formas de adquirir meus produtos e serviços por meio dos contatos.

 

É preciso fazer uma comparação entre Mídia e Veículo, pois a grande maioria diz que vai divulgar sua empresa por meio da Internet, que sem dúvida é hoje o principal canal de comunicação de vários produtos e serviços para diversos públicos. Porém, a Web é um mundo gigantesco e infinito. É necessário informar onde especificamente esta comunicação e/ou comercialização será feita. Portanto, a mídia ou canal de mídia seria o meio de comunicação de massa (MCM), que  pode ser impressa ou digital, como  TV, Rádio, Revista, Jornal e Internet como os principais. Já os veículos seriam a Globo, a CBN, a VEJA, a Folha de SP e o Instagram, por exemplo, que são as empresas definidas e não apresentadas de forma genérica.

 

Quando se escolhe determinada mídia e veículo é preciso analisar as suas características, ou seja, se as suas publicações são mensais, semanais, diárias; verificar horários, quadros, cadernos ou seções  adequadas. Tudo precisa estar condizente com interesses do público - alvo  e com o budget do empreendimento, que nem sempre é alto, ainda mais no início do funcionamento e na projeção do negócio. Nem pensar publicar de cara em um veículo de grande expressão e alcance em um momento de lançamento da empresa, pois a empresa ainda não possui condições de bancar este anúncio e, mesmo que alguém o patrocine, não tem ainda know how nem expertise suficientes e pode quebrar assim que abrir o estabelecimento. É importante começar de forma mais simples e ir sentindo a aceitação do mercado para ir ampliando ou mudando a forma e a estratégia de comunicação.

 

Desde a escolha do nome, do logo, das cores e letras, do slogan e de todas as características da marca, até do jingle (se houver) é preciso muito estudo de mercado e de concorrência. As vezes tudo é feito com foco apenas no gosto e na imaginação do empreendedor e acaba-se pecando em detalhes básicos.  

 

Deve fazer um estudo adequado começando com uma Análise SWOT ou FOFA [Strenghts  - forças ou potencialidades; Weaknesses - fraquezas ou fragilidades; O - Oportunities (oportunidades) e Threats (ameaças)]. O que mais se erra nesta fase é confundir ponto fraco com ameaça. O que recomendo é que façam a pergunta : esta característica é do seu negócio ou depende de fatores externos ? As forças e as fraquezas representam o ambiente interno e as oportunidades e as ameaças o ambiente externo. A grande dificuldade neste exercício consiste justamente quando se está propondo a abertura de um novo negócio, em que não se imaginam defeitos ou falhas no mesmo, quando se está projetando algo que seja bem - sucedido.

 

No momento de se fazer a SWOT cruzada, com os pontos internos e externos para verificar as estratégias apropriadas para minimizar os problemas e maximizar as chances de sucesso, normalmente se encontram outros entraves. Por isso, é preciso novamente estudar mais sobre benchmarking, ou seja, os competidores, sejam eles diretos (que trabalham exatamente com o mesmo tipo de produto ou serviço que o seu, lembrando que nem sempre são os seus vizinhos, ou seja, não estão necessariamente situados geograficamente no seu bairro ou região - outro erro normalmente cometido) ou indiretos (concorrem em um conjunto maior, como de uma área de atuação ou o cliente pode optar por ele em detrimento do seu produto ou serviço).

 

 Existem muitos outros erros ou falhas, que vou comentar em outros textos, conforme  

  

 

Os discentes precisam perguntar e dialogar com seus educadores, além de ler mais em várias fontes de pesquisa até se certificarem que estão no caminho certo e aprenderam o conteúdo de fato.