SEAVIEW : O maior cruzeiro marítimo que já esteve no Brasil - quando voltará ???


Por incrível que pareça comecei a fazer este texto em fevereiro do ano passado e não consegui finalizar com a volta às aulas, mas resolvi terminar agora e relacionar com a retomada do turismo pós fim do surto do Covid- 19, principalmente no que se refere aos  cruzeiros marítimos, uma modalidade específica de viagem, que veio crescendo  de forma significativa no Brasil, apresentou uma pequena queda e estava em alta novamente. Todavia, com a pandemia, pode estar ameaçada por um período no País.  

Se você nunca fez uma viagem em um cruzeiro marítimo ou já realizou faz tempo, como era o meu caso, acredito que a leitura do meu post pode ser útil e interessante para que você saiba melhor se planejar e o que encontrar neste tipo de experiência.



Eu realizei meu primeiro cruzeiro marítimo com duração de 7 dias com o navio "Splendour of the Seas" no Reveillón de 2000, momento em que este era considerado um dos melhores transatlânticos da Cia Royal Caribbean que tinha aportado no Brasil. Foi muito bacana, mas ainda muito informal para os padrões brasileiros e sentia que faltava mais descontração.

No ano seguinte realizei uma viagem em um "Cruzeiro Universitário" com professores e alunos pelo Cruzeiro Zenith da Cia Pullmantur com a modalidade "all inclusive", ou seja, todas as refeições e bebidas já inclusas no pacote. Além de ter sido um mini cruzeiro de 3 dias, teve um custo x benefício muito bom e nada da bagunça que se comentavam a respeito deste tipo de cruzeiro.

Ao realizar alguns cursos como agente de viagens e fazer vendas deste tipo de experiência fui percebendo que estava desatualizada e que esta modalidade tinha evoluído bastante no Brasil e que cada armadora ou empresa de cruzeiro marítimo tinha suas peculiaridades.  

Estava na dúvida para qual destino iria me deslocar nas férias de janeiro de 2019. Pretendia fazer um roteiro internacional, mas como os valores das passagens aéreas para o Exterior estavam muito altos, com um câmbio desfavorável, além de longas distâncias e dúvidas na adaptação a determinadas destinações pelos meus filhos, que ainda são pequenos, pensei em repetir a ideia de realizar um cruzeiro marítimo no Brasil.

Não gosto de ir para lugares já conhecidos, mas aqui o foco era  o navio MSC "Seaview", que seria uma grande estreia do maior navio que já aportou em águas brasileiras, não pelos pontos de parada. Acho que aqui reside uma questão essencial: não se iluda com os breves desembarques, que duram em média 8 horas, pois você só terá uma experiência muito breve de algum ponto deste destino. 



Pensei nas vantagens : embarque em Santos (logo, não precisaria de passagem aérea), com deslocamento de carro rápido e barato, pois o cruzeiro já é um combo de "transporte e hospedagem". Além disso, para meus filhos seria uma novidade, que os animou bastante: muitas atrações de entretenimento e alimentação em um só local com variadas atividades para todas as idades.


A tarifa para janeiro para quem compra com pouca antecedência (como no meu caso) de fato não é atrativa. Se fizesse o mesmo roteiro em março sairia bem mais barato. Porém, como trabalho com Educação e as crianças estarão em aula, não seria viável viajar nesta época. No entanto, comparando o valor pago com estada em resorts no Nordeste brasileiro ou mesmo com hospedagem em pousadas medianas apenas com café da manhã situadas no litoral norte de São Paulo, o preço do cruzeiro vale e muito.  Atrelado a isso, existe a possibilidade de parcelamento em até 10 vezes sem juros, inclusive das despesas a bordo. Logo, acredito que é um investimento compensador e uma experiência incrível de fato.

Uma vantagem deste tipo de experiência turística é que não é preciso ter passaporte. Mas atenção: há uma extrema rigidez quanto à documentação. Para embarcar é preciso que o brasileiro apresente o RG recente e em bom estado de conservação. Não são aceitos carteira de motorista nem registros de órgãos profissionais. Eu já tive pax (passageiros no "turismês" ou linguagem técnica do Turismo) que foram impedidos de embarcar devido ao fato de não estarem com a documentação apropriada.    

Entretanto, é preciso verificar o que está realmente incluso neste "pacote", além do transporte e da hospedagem. Foi a primeira vez que fiquei em cabine externa com varanda, pois antes havia optado por cabine interna por ter um valor bem menor. Porém, ter a possibilidade de ver o mar da cabine é sensacional e merece pagar mais.  





No caso das refeições existem os restaurantes que já estão inclusos e outros de especialidades que se pode pagar a parte. Naqueles que você já tem direito existem os do tipo "self service", em que você pode pegar o que quiser a vontade em diversos horários (no caso do MSC Seaview os do deck ou andar 8 - Marketplace ou 16 - Ocean Point - mais organizado e tranquilo, na minha opinião) ou aqueles que você pode comer a la carte (café da manhã e almoço não tem mesa marcada, mas no jantar já possui o seu turno pré estabelecido desde o check in e até marcado no cartão de embarque.  Havia turnos das 19 hs, 21 e 22h45. A princípio, preferiria o segundo horário e tentei trocar, mas não houve possibilidade . Verifiquei que poderia chegar até 19h15 sempre com a mesma mesa e lugares marcados e a refeição se estendia até 20h30. Era um pouco corrido para se arrumar, mas depois seguia tranquilo. Tive sorte de ficar em uma mesa apenas para minha família e ser servida por 2 garçons extremamente eficientes e carismáticos, sendo um brasileiro e outro salvadorenho, cujo espanhol era perfeitamente compreensível. Isto nem sempre ocorre, pois há mesas compartilhadas com outros passageiros e garçons de outros países que nem sempre se comunicam bem com os viajantes brasileiros.







A gastronomia é um dos fortes, com as refeições e lanches, diversas opções inclusas e extras, cafeterias e sorveterias e até uma loja de chocolates da Venchi, uma famosa marca italiana. Por isso é preciso fazer exercícios na academia ou aulas de dança para perder um pouco das calorias adquiridas. 



Um dos principais atrativos desse cruzeiro é o seu fantástico parque aquático, que diverte tanto as crianças quanto os adultos, pois possui toboáguas transparentes ou com luzes, de estilos diferentes, que até ultrapassam a área do navio. Além disso,  havia área molhada com brinquedos para refrescar adultos e alegrar a criançada. Evidentemente existem diversas piscinas, em decks ou andares diferentes, mas principalmente no último, onde alguns aproveitam para tomar um banho, relaxar em uma jacuzzi ou se bronzear, participar de gincanas, dançar em uma roda de samba  e até jogar uma partida de bingo !   













O navio possuía shows dignos da Broadway todas as noites e para isso era necessário fazer reserva no aplicativo para conseguir assento, já que o teatro não comporta todos os passageiros do cruzeiro. Havia 2 espetáculos por noite e por isso precisávamos  ficar espertos e conjugar com o horário do jantar para não perder nenhum dia. Conseguimos assistir todos e cada um melhor que o outro, com duração de uma hora. Depois disso, tínhamos várias opções: ir para o cassino (pode-se olhar, mas é claro para que para jogar é preciso pagar e se arriscar a perder), beber em bares, cantar nos Karaokês, jogar boliche e assistir ao rápido porém divertido cinema 4 D, sentir-se um super piloto no simulador de F1, participar de brincadeiras em grupos, interações diversas em áreas abertas, mas principalmente shows temáticos ao ar livre. Esse era o ponto alto na minha opinião, pois poder dançar em alto mar tem uma energia singular, sobretudo na "noite do branco". Aliás, as noites temáticas fazem parte das programações de todos os cruzeiros, que sempre contam com a famosa "Noite do Comandante" que é mais formal com a apresentação  da tripulação e fotos, além do "Carnaval".











Normalmente essas festas temáticas já são informadas antecipadamente e cada passageiro já pode programar sua vestimenta específica para cada uma. Quanto às fotos  existe um profissional a bordo e sempre registrando os momentos para quem queira adquirir no final, inclusive com cenários montados.

Neste cruzeiro fizemos paradas em Ilhabela, Búzios, Camboriú e Ilha Grande e desci nos três primeiros  destinos, que já conhecia, mas sempre vale a pena aproveitar um pouco mais e desvendar algo novo, mas no último decidi ficar no navio, pois as atrações continuam funcionando, com exceção do cassino, pois como os jogos de azar são proibidos no Brasil, quando parado (ancorado em alto mar ou aportado em um porto) as portas são fechadas. Quando se está navegando e distante a 200 milhas da costa   é como se estivéssemos "fora do Brasil" e aí sim é possível jogar.
Gostaria de ressaltar que se a sua intenção é conhecer realmente novos destinos a viagem de navio não é a mais indicada, pois os cruzeiros fazem apenas rápidas paradas e é preciso ficar ligado para não perder a volta. Caso contrário, terá que nadar até o próximo porto. Não há megafone para chamar os passageiros atrasados e que se empolgaram na parada.





Outra questão é que são vendidos pacotes de passeios dentro do navio, mas não vale a pena comprar em dólares, já que todos os valores são em moeda estrangeira a bordo, e assim que se desembarca em um novo destino já existem muitos agentes de receptivo locais aguardando para oferecer opções de aproveitar as paradas no tempo disponível, como ir para determinadas praias, andar de barco ou buggy, visitar atrativos turísticos, dependendo de cada localidade.

Muitos ficam em dúvida em comprar pacotes de bebidas e de Internet  a bordo de forma antecipada com os agentes de viagem. Eu fiquei em dúvida e resolvi optar por não adquirir nenhum dos dois. No caso das bebidas verifiquei que o valor era por pessoa e todos da cabine obrigatoriamente precisavam pagar. Como estávamos em 2 adultos e 2 crianças acabava não compensando, até mesmo porque eu e meu marido não bebemos tanto. Dependendo da quantidade de bebida alcóolica que os integrantes de uma cabine consumem, é válido adquirir o pacote, pois individualmente em dólar a conta fica mais cara no final. Quanto ao pacote de Internet consegui utilizar o meu 4 G muito bem nas paradas e em vários momentos a bordo. Se tivesse pago antes da partida creio que valeria a pena. 

Um detalhe bárbaro da arquitetura deste cruzeiro é a "Bridge of sighs", ou melhor, a "Ponte dos desejos", que para alguns pode inspirar e outros até dar medo ... Mas por ter uma passagem estreita e o piso transparente proporciona uma vista incrível, tanto do navio, quanto do mar. Confira abaixo. 







Outra atração bem interessante era a tirolesa, que atravessava uma parte da piscina do navio, com aquele super visual do mar e do cruzeiro ... Não era perigosa. Super recomendo.   


Como boa turismóloga, que não atua apenas como passageira e sim viajante que vivencia a viagem e quer conhecer além, resolvi fazer uma "visita técnica" no navio. Conheci o "back", ou seja, o que está por trás, os bastidores, aquilo que os turistas não vêem, mas que fazem toda a engrenagem funcionar. São muitos funcionários responsáveis para que toda a magia do gigante se torna realidade. São muitos espaços e funções totalmente coordenados, profissionais que trabalham por muitas horas longe de suas famílias, ensaiam e se esforçam para que outros possam descansar e curtir. Dentre muitas explicações e depoimentos de responsáveis, também conheci o "Yacht Club", que é a área destinada aos passageiros "top", totalmente exclusiva, com serviços e equipamentos únicos e diferenciados.




Cada cruzeiro e armadora (empresas responsáveis de navegação), sempre estrangeiras (ainda não temos um navio brasileiro) possui suas singularidades e vale a pena conhecer e verificar aquela que mais lhe agrada e está de acordo com suas condições financeiras.

Com todos esses atrativos e diferenciais, o navio fez diversas viagens no Brasil e deveria continuar neste ano. Entretanto, o Novo Coronavírus parou tudo. O grande empecilho é que em um cruzeiro viajam muitos passageiros, incluindo os tripulantes. Estamos falando em torno de 5 mil pessoas ! Todos circulam bastante e ficam aglomerados, naturalmente, em todos os espaços. Logo, sem vacina infelizmente este tipo de experiência fica inviável. Alguns navios já zarparam em outros mares e muitas pessoas foram contaminadas. Fazer um investimento desse para ter uma viagem com tantas emoções de máscara e com medo sem chance. Concordam comigo ?



Então gente ... ficamos torcendo que uma das tantas vacinas que estão sendo preparadas e testadas mundialmente sejam liberadas não só para os profissionais de saúde e grupos de risco, mas para todos os ávidos viajantes, para que continuemos a desbravar novos horizontes e relaxar em um desses "resorts flutuantes" em breve ... 

Quem nunca teve este tipo de experiência com cruzeiros marítimos não pode deixar de vivenciar. Aqueles que já foram sabem que não estou enganando ninguém.  Enquanto isso vamos pesquisando, planejando e sonhando com a nossa próxima viagem.    

Al mare lá vamos nós.



    
  

Comentários

  1. Re, estive na noite inaugural do Seaview e embarquei um grupo na primeira saída no Brasil, foi incrível, masss o meu preferido da MSC continua sendo o Preziosa! Que este ano volta para temporada brasileira 😉😊

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu fiz uma visita técnica com a Casa do Agente com o Preziosa e achei a infraestrutura do Seaview bem melhor, mas todo o estilo da MSC estava lá ! Que ótima notícia ... Viajar com cruzeiro é bom demais, né ?

      Excluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

TURISMO SUSTENTÁVEL X TURISMO DE MASSA

Consultor de Viagens: manual quem é e como tratá-lo

Afinal, o que pode ser considerado um Produto Turístico ?