Ética e profissionalismo no Turismo



Hoje em dia a maioria das pessoas reclama que não consegue ser bem-sucedida profissionalmente,  que os negócios vão mal, que a situação está difícil. Sim, o período de crise e recessão pelo qual passa o Brasil é sério mesmo. Ontem a TV anunciou em seus telejornais que o número de desempregados no Brasil já ultrapassa os 13 milhões, o que já transcende o total de habitantes de São Paulo, que é a maior cidade do País e uma das maiores do mundo. Porém, muitos indivíduos se auto-intitulam "profissionais" e não percebem suas atitudes e os motivos de sua falta de trabalho ou fracasso na carreira e ficam apenas reclamando da situação.
 
Antes de tudo, é preciso dizer que nem todos estão interessados em trabalhar com garra e dedicação, nem tampouco estudar. Infelizmente, muitos só buscam empregos com carteira assinada e seus benefícios, o que vem paulatinamente sendo substituído pelo empreendedorismo.
De modo geral, nos mais diversos segmentos, falta iniciativa. Carecemos de proatividade de começar, de mudar, de arrumar e de tentar algo novo e ajudar os outros, sejam pessoas ou departamentos. Passa-se por cima de um bicho ou um lixo, sem tirá-lo do caminho. Há uma preguiça do corpo e da mente. Espera-se muito que as coisas aconteçam. Normalmente se argumenta que "isso não me diz respeito", "não posso fazer nada", "é uma besteira, nada vai mudar" e assim por diante.
 
Com relação à marcação de eventos e compromissos falta total seriedade. Para começar, o ato de organizar um evento no Facebook é uma grande perda de tempo. Muitas pessoas  que "confirmam a presença" na realidade o fizeram para dar visibilidade, força ou um "up" ao amigo que está planejamento aquele acontecimento. Existem diversos indivíduos que dizem que estarão presentes em todos os lugares, mesmo que sejam simultâneos, tanto no Brasil quanto no Japão. O pior são aqueles que dizem que "talvez" ou "tenho interesse", ou seja, ficam em cima do muro. Melhor ficar quieto. Não se pode estruturar um curso ou uma festa com bases nestas falsas informações.
 
É cada vez mais comum desmarcar-se um compromisso de trabalho ou social em cima da hora, alegando-se qualquer desculpa. Difícil é identificar se se a alegação é verdadeira. Não se faz isso de forma alguma ... Ponha-se no lugar do outro ... Você pode perder amigos e negócios. Depois não reclame de sua falta de sorte. Pense que as pessoas se preocuparam, arrumaram, enfrentaram trânsito, enfim, buscaram honrar a palavra ... Isto é total falta de ética e respeito.
 
Se não pode ir de fato desmarque com antecedência. Recebeu e-mail ou whatsapp, retorne o mais rápido que puder. Seja gentil e  educado. Tenha a decência de dar um feedback sincero com delicadeza. Em plena era da informação e da tecnologia demorar um dia ou as vezes algumas horas para se dar um retorno sobre uma reserva ou qualquer outro tipo de solicitação pode significar perda de não só um, mas de vários clientes reais e potenciais, sobretudo pelo drástico  e rápido efeito da "propaganda boca a boca" negativa. Se alguém ficar tão irritado com um tratamento inadequado ou relapso pode ir às redes sociais e em poucos instantes a imagem de um "profissional" pode se desfazer.
 
Encontrar pessoas que cumprem o que prometeram no Turismo é achar mosca branca, ou seja, é algo extremamente raro, tanto da parte dos profissionais quanto dos passageiros. Muitos operadores erram em suas reservas, deixando cair o prazo ou nos valores informados. Vários agentes de viagens querem ganhar comissões oferecendo serviços superiores ou desnecessários aos clientes. Quantos colegas de trabalho em uma loja não "roubam" os pax dos outros ?
 
Não é admissível dar informação que não se tem certeza, tentar ganhar uma venda de qualquer maneira "mesmo tendo que vender a mãe" ... Parece absurdo para alguns, mas a realidade nua e crua em diversas situações é essa.  Por outro lado, a esmagadora maioria dos clientes solicitam cotações para inúmeros agentes, que por sua vez, perdem seu tempo e o dos operadores na busca dos melhores roteiros, tarifas e condições para cada viagem ou experiência. Raramente retornam ou dão satisfações se já fecharam ou não ...

Os passageiros confiam naquilo que o guia de turismo informa sobre os atrativos turísticos. Então, inventar histórias ou "estimular" os viajantes a irem em determinada lojinha dizendo que é a melhor, a única ou a mais barata só para ganhar comissão é desrespeitar a ética profissional.

Se um agente de viagens desmerecer um potencial cliente porque quer um roteiro rodoviário ou nacional em detrimento de outro que "aparentemente" vai pagar mais caro e, consequentemente, render um maior comissionamento, seja por telefone ou pessoalmente, sem dúvida que está ferindo a  conduta da categoria.

Quando uma camareira fica bisbilhotando as  malas, pega um pertence de um hóspede ou não cuida apropriadamente deste causando um prejuízo ao cliente está fazendo com que a dignidade de seu exercício profissional perca crédito. Da mesma forma, um recepcionista que transmite uma informação errada sobre um ponto turístico da cidade ou finge que não sabe ou mente que não pode fazer tal coisa para um hóspede em apuros está cometendo um grave erro.

Um atendente de check in no aeroporto deve dar todas as informações ao viajante sobre sua bagagem e auxiliá-lo com relação à dicas de como melhor protegê-la  contra avarias ou perdas e informar além do gate (portão de embarque)  pelo boarding pass (cartão de embarque) que os stickers (comprovantes de bagagem) podem ser necessários para se comprovar que aquela mala azul marinho era sua e não do vizinho.
 
É preciso ser profissional assumindo as situações, sobretudo no gerenciamento de problemas, oferecendo soluções apropriadas para cada caso. O que fazer quando ocorre overbooking, a reserva sumiu ou caiu, o fornecedor pisou na bola, alguém cancelou ou remarcou, enfim ... ??? O pax (passageiro) precisa de respostas e definições para o seu caso. 

O segmento de Turismo abrange inúmeras profissões nos setores de Transporte, Hospedagem, Alimentação e Entretenimento e por isso existem infinitas situações que se pode demonstrar ou não a ética na profissão.
 
 
Enfim, tudo nesta vida tem volta. Acredito na lei do retorno, mais cedo ou mais tarde. Também tenho fé que os éticos, justos e realmente profissionais vão sobreviver neste acirrado mercado de turismo.  
 
  
Espero que aqueles que ainda são éticos e honestos, que cumprem com o que falaram ou escreveram, tentam se superar e melhorar a cada dia, retornam e se desculpam, reconhecem seus erros e tentar contorna-lo de forma justa, não tenham se sentido ofendidos, pois este texto não lhes diz respeito.    
 
 

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