Jogos Olímpicos Rio 2016 : muitos aprendizados e esperança de legados
Depois de tantos anos de preparação e expectativas, sobretudo previsões pessimistas (como na época da Copa do Mundo), finalmente aconteceram os Jogos Olímpicos Rio 2016. Para a indignação de alguns e surpresa de outros, ocorreram sem maiores sobressaltos. Assaltos ? Além de um episódio "criado" por nadadores americanos, liderados por Ryan Lochte (que merecidamente perdeu todos seus patrocinadores), devem ter acontecido, como sempre, em grandes concentrações de pessoas e metrópoles. Porém, nenhuma bomba do Estado Islâmico, como se especulava. Ufa !
Graças ao bom Deus, mesmo com "gambiarras", obras finalizadas em cima da hora e muitos detalhes que foram sendo consertados ao longo do tempo, pode-se dizer que deu certo, desde a encantadora e temida Cerimônia de Abertura (com exclusão de cena de violência durante o deslumbrante desfile de Gisele Bündchen e mesmo com a presença controversa das cantoras Ludmila e Anitta - sinceramente esperava a presença de nomes mais consagrados da nossa música, além dos que se apresentaram ) até a "Festa" de Encerramento (com várias apresentações folclóricas regionais e uma verdadeira apoteose de Carnaval no Maracanã como se estivéssemos na Marquês de Sapucaí). Percebeu-se que com poucos recursos financeiros, mas com talento e criatividade, além de muita alegria e energia, podíamos fazer um espetáculo lindo e emocionante. Sim, mostramos que sabemos fazer e acontecer.
Os jogos ocorreram com pontualidade e o protocolo exigidos. Em alguns verificou-se de forma espantosa muitos espaços vazios nas arquibancadas, já que havia procura nos sites, onde se constava lotado, apesar dos altos preços. Certamente foram comprados por cambistas, que esperavam altos lucros, o que não ocorreu e alguns foram descobertos. No princípio, houve filas e desorganização nas entradas das arenas e para os locais de alimentação. Depois tudo foi se acertando.
Os jogos ocorreram com pontualidade e o protocolo exigidos. Em alguns verificou-se de forma espantosa muitos espaços vazios nas arquibancadas, já que havia procura nos sites, onde se constava lotado, apesar dos altos preços. Certamente foram comprados por cambistas, que esperavam altos lucros, o que não ocorreu e alguns foram descobertos. No princípio, houve filas e desorganização nas entradas das arenas e para os locais de alimentação. Depois tudo foi se acertando.
Os números foram superados, tanto em termos de atletas e turistas nacionais e estrangeiros, quanto de recordes olímpicos e mundiais. Tivemos a despedida dos super campeões Michael Phelps e Usain Bolt aqui, podendo presenciar suas incríveis performances e coleções de medalhas douradas, além da fabulosa ginasta Simone Biles. Os melhores do mundo estiveram aqui !
É claro que não concordo que a realização deste megaevento mundial deveria se sobrepor a prioridades nacionais e com tanto investimento público, além do superfaturamento. Entretanto, se já estava definida sua realização, esta teria que se concretizar e da melhor maneira possível a fim de contribuir para melhorar a infraestrutura básica e turística da cidade do Rio de Janeiro e da imagem do Brasil. Por outro lado, acredito que não se devem misturar as coisas, como protestar contra a situação política com cartazes nos locais de competição.
A meta de se alcançar a 10ª posição no quadro de medalhas não foi atingida. Ficamos em 13º lugar, mas com maior número (19 no total, sendo 7 de ouro, 6 de prata e 6 de bronze), além do destaque em esportes pouco divulgados ou tradicionais e também de nomes pouco conhecidos, como de Thiago Braz do salto com vara e do bravo Isaquias Queiroz, que não só prometeu como cumpriu o feito inédito para um brasileiro de ganhar 3 medalhas em uma mesma edição olímpica.
Sinto que o fator "casa" infelizmente não contribuiu para todos os atletas brasileiros. Talvez sentiram mais o peso da necessidade da vitória ao invés do apoio da torcida. Outros não tiveram preparo psicológico suficiente para chegar até o fim. É claro que não podemos nos comparar com países que preparam seus cidadãos desde crianças para o esporte e as competições. Havia muita expectativa em cima de atletas individuais e de equipes vencedoras de outros torneios, como a do futebol e do voleibol feminino. Não me conformam que nem a medalha de bronze conseguiram, como também da dupla Larissa e Talita do vôlei de praia. Há que se reconhecer que o talento de outras atletas era superior em muitos casos. Entretanto, senti demais a derrota das meninas do futebol, ainda mais a Marta, pois considero que mereciam ganhar o ouro inédito. Para mim o voleibol feminino era digno do tricampeonato. Foi difícil aceitar.
Sem dúvida a máxima de que nem sempre os favoritos se tornam os campeões, que jogo é jogo, há os fatores "surpresa" e "superação" ficaram patentes. Quando vários atletas estão competindo juntos a prata tem outro sabor se comparada quando se tem apenas dois jogadores ou equipes, como se fosse o grande perdedor, o último lugar, sem pódio algum ... No entanto, é preciso aceitar com dignidade e reconhecer as falhas para se aperfeiçoar. A estratégia usada muitas vezes não foi a melhor, como a do nadador Thiago Pereira, que deu o máximo de si no início, chegou a virar em 1º e 2º, mas não levou nada, assim como nenhum atleta da natação em piscina fechada. Há que se reconhecer o mérito de Poliana Okimoto, vencedora da medalha de bronze na maratona aquática.
Por outro lado, não se pode justificar atitudes anti esportivas e olímpicas, sobretudo, desde as polêmicas "vaias" , mas da falta de respeito até aos contratos e da imaturidade do jogador Neymar, que com uma faixa na cabeça escrito "100% Jesus" não demonstrou nenhuma educação com torcedores e com a imprensa, muito menos humildade. Há que se reconhecer que o goleiro Weverton teve maior importância em defender o pênalti do que a obrigação do atacante em convertê-lo. É necessário aprender a lição que Serginho, o maior líbero da história do voleibol brasileiro, no alto dos seus 40 anos, que funcionou como um verdadeiro líder pela simplicidade e talento, unindo o grupo para o objetivo maior, da conquista do 3º ouro olímpico depois de duas pratas (o estigma de "vice").
Falando no futebol masculino, quase morri do coração na última partida. Fiquei realmente decepcionada com os dois primeiros jogos, absurdamente sem nenhum gol. Quem imaginaria ? Pode-se falar o que for, mas brasileiro em geral gosta demais de futebol. É claro que se trata do esporte mais bem pago e valorizado, infelizmente. Só que a medalha de ouro nos era muito importante depois de tantas decepções, sobretudo os 7 a 1 da própria Alemanha. Era uma questão de honra. Não que uma coisa apague a outra. Não era a mesma situação nem a mesma equipe. O futebol masculino brasileiro precisa mudar e melhorar demais, inclusive para participar da próxima Copa do Mundo. No entanto, seria terrível uma derrota em pleno Maraca, que foi palco em sua inauguração de uma trágica perda por 2 a 1 para o Uruguai no final da Copa do Mundo de 1950 ... Precisávamos ganhar.
Fechamos literalmente com "chave de ouro" com o tricampeonato da guerreira e talentosa equipe do vôlei masculino precisava provar e alcançar o lugar mais alto do pódio. Chegava de vice lideranças e desconfianças da real capacidade dos nossos meninos incríveis sob o comando brilhante de muitos e muitos anos do super técnico Bernardinho. Este também mudou suas táticas de comando, apostando em um estilo mais "light' com seus jogadores ao invés das pesadas broncas. Deu super certo e demos a volta por cima. Lindo demais !
Fechamos literalmente com "chave de ouro" com o tricampeonato da guerreira e talentosa equipe do vôlei masculino precisava provar e alcançar o lugar mais alto do pódio. Chegava de vice lideranças e desconfianças da real capacidade dos nossos meninos incríveis sob o comando brilhante de muitos e muitos anos do super técnico Bernardinho. Este também mudou suas táticas de comando, apostando em um estilo mais "light' com seus jogadores ao invés das pesadas broncas. Deu super certo e demos a volta por cima. Lindo demais !
As críticas e as desconfianças nos dão forças para melhorar. Foi justamente o que aconteceu com as equipes de futebol e de voleibol masculinas. Assim deve ser para nossa existência. Ajustar os descompassos e não achar que "alguém terá que nos engolir".
Além dos espaços dos jogos houve uma outra importante contribuição para os autóctones e visitantes: o Boulevard Olímpico, com a revitalização da região Portuária do Rio, com calçadões repletos de pessoas de todos os cantos e idades, passeando, brincando, comendo, curtindo as paisagens do Museu do Amanhã, do MAR (Museu de Arte do Rio), das réplicas de caravelas, dos food trucks e das apresentações musicais e telões, tirando selfies na encantadora Pira Olímpica ... Energia pura, sensação total de segurança.
Agora, por um lado sinto um alívio de não sofrer tanto e ter algumas decepções com os jogos, mas o vazio daquele ritmo frenético de acontecimentos diários. Voltar à realidade nua e crua de um quase Impeachment e de novas eleições dentro de um mês e meio. Infelizmente, a crise continua e aguardamos que algo a faça mudar, que o país comece a fluir e sair de sua estagnação.
Urge acima de tudo aproveitar depois do encerramento dos Jogos Paralímpicos saber bem utilizar as fantásticas instalações das arenas usadas neste evento, como o Parque Olímpico da Barra, para treinamentos e novos acontecimentos. Não podem virar "elefantes brancos" jamais. Que a infraestrutura urbana, como no caso dos transportes BRT e VLT, bem como as novas linhas de metrô, sejam bem conservadas e usadas por toda a população. Esperamos que os exemplos de sustentabilidade e diversidade apresentados no início sejam de fato plantados e colhidos.
Valeu a pena sair um pouco deste cenário tão catastrófico do país e viver a magia dos jogos por duas semanas. O esporte sem dúvida tem muito a nos ensinar. É símbolo de saúde e de vida, de luta e de disciplina. Pode ser a saída para muitos problemas sociais, como demonstraram diversos exemplos nacionais e estrangeiros. Por isso deveria ser muito, mas muito mais incentivado e praticado desde a mais tenra idade por todos, independente de classe social e modalidade. É preciso ter mais projetos e patrocínios, não só das Forças Armadas ou do COB em momentos propícios e para atletas já consagrados ou com reais chances de medalhas, mas de forma constante. Com o devido suporte para a educação para o esporte com certeza criaremos não só campeões de torneios ou ganhadores de medalhas, mas vencedores da vida.
O esporte mostra que nem sempre tudo está perdido na nossa caminhada e que devemos lutar de cabeça erguida até o fim, fazendo o nosso melhor sempre. Que o diga nosso medalhista da ginástica artística, que tenho o prazer de acompanhar e de lá vivenciar Diego Hypólito ... Nada como um dia após o outro, que para muitos atletas, significam anos de sacrifícios físicos e mentais, persistência contra tudo e todos e muita fé em Deus até a volta por cima, até "cair de pé" ou ainda lutando contra o preconceito, como no caso da nossa judoca de ouro Rafaela Silva.
Por isso, eu digo que se você não participou porque ficou em dúvida se valeria ou não a pena, achou que ia ser perigoso, seria infectado com o zika vírus e não se programou ou ousou mesmo, infelizmente perdeu uma oportunidade única de participar de um super espetáculo, não só de belíssimas apresentações, jogos emocionantes, talentos indiscutíveis, mas principalmente de se sentir no "centro do mundo", com pessoas de diversas partes do planeta convivendo em plena harmonia. Será que teremos outros Jogos Olímpicos no Brasil ? Não creio. Se houver dificilmente estaremos vivos para sentir esta grande e exclusiva emoção. Eu vivi e tenho muito orgulho disso e, apesar de todos os pesares, de ser brasileira. A hospitalidade brilhou e a maioria dos turistas domésticos e estrangeiros aprovou o evento, considerando-o um grande sucesso. Espero que voltem mais e mais vezes e tragam outros visitantes com suas bagagens.
Por fim, espero que estes Jogos Olímpicos deixem muitos legados positivos em vários aspectos: social, econômico, esportivo e turístico. Não basta apenas criticar ou ser negativo. É preciso tentar e buscar fazer o melhor. Aprender com os acontecimentos e buscar corrigir para um futuro mais promissor, mas acima de tudo reconhecer o que for bom.
No próximo evento ou viagem, não fique fora dessa. Faça seu planejamento, junte recursos e esforços e participe !
Por fim, espero que estes Jogos Olímpicos deixem muitos legados positivos em vários aspectos: social, econômico, esportivo e turístico. Não basta apenas criticar ou ser negativo. É preciso tentar e buscar fazer o melhor. Aprender com os acontecimentos e buscar corrigir para um futuro mais promissor, mas acima de tudo reconhecer o que for bom.
No próximo evento ou viagem, não fique fora dessa. Faça seu planejamento, junte recursos e esforços e participe !
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