Viagem para Manaus - Amazonas

Eu estava na dúvida onde viajar nas minhas férias de janeiro. Como tenho dois filhos pequenos, não é só minha vontade  e de meu marido que está em jogo, mas a das crianças também.

Cada época  da vida temos preferências e exigências conforme idade, padrão de vida, acompanhantes.
Pensei em visitar alguma capital nordestina, mas como já conheci praticamente todas e não gosto de repetir lugares, fiquei pensando em um lugar "diferente".

De repente me veio à cabeça Manaus. Porém, como para grande parte dos brasileiros, é uma incógnita recheada de preconceitos e estereótipos. O que fazer no meio da "selva" ?

Confesso que sou uma turista do tipo "mediana", ou seja, gosto de um pouco de aventura, mas nada exagerado, busco natureza e cultura com segurança e conforto, não necessariamente luxo.

Então comecei a pesquisar sobre o destino. Em primeiro lugar  é preciso distinguir Amazonas (o estado, cuja capital é Manaus) da Amazônia, Floresta ou Selva, que é uma região que abrange nove nações. Claro que a maioria deste território imenso (60%) está situada no Brasil pelos estados que pertencem à Bacia Amazônica : Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, além de parte dos estados do Mato Grosso e Maranhão. Além disso, também se encontra no Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.

A cidade de Manaus em si é um contraste como as grandes capitais brasileiras, com suas áreas modernas e outras mais antigas ou deterioradas, porém em um forte processo de desenvolvimento.
Em um passeio pela orla da Praia (de rio) de Ponta Negra fiquei impressionada com a organização, a beleza e a limpeza. Diversas pessoas andando, praticando esportes em suas quadras, crianças andando de bicicleta ou patins, várias barracas de guloseimas. Parada obrigatória: sorveteria Glacial - um dos melhores, mais baratos e bem servidos sorvetes regionais que tomei na minha vida.





Em um city tour pelo Centro Histórico destaca-se, entre outros pontos turísticos, o Teatro Amazonas, que foi inaugurado em 1896 com estilo eclético, evidenciando a época da riqueza da borracha no estado. É o principal patrimônio artístico e cultural do Amazonas e atualmente é uma casa de espetáculos, tanto nacionais quanto internacionais, como o Festival Amazonas de Ópera.
Pode-se realizar uma visitação interna guiada e à sua frente tirar uma foto em uma carruagem, sentindo-se como se vivesse em outra época ... Confiram !

 










Passei de ônibus até pelo Estádio "Arena da Amazônia", construído para a Copa de 2014, fruto de muitas discussões. Será que vai se tornar um "elefante branco" ?





Fiquei hospedada no hotel mais tradicional da cidade: o Tropical Manaus, considerado atualmente um Ecoresort, à beira do Rio Negro. Em estilo colonial, com 611 UHs (Unidades Habitacionais), é um estabelecimento muito charmoso. Eu me senti em outra época ... Alguns quartos já foram reformados para a Copa do Mundo, porém outros precisam ainda de revitalização. Porém, haja investimento e agora não se vive mais a época áurea da fundação quando ainda existia a Companhia Aérea Varig. Porém, é um lugar tranquilo, sem barulho, dá para descansar e relaxar. Vejam a entrada do hotel, seus corredores com bancos e portas de madeira maciça.



 

 

O hotel possui até um mini zoológico com 22 espécies da fauna local dentro do empreendimento.  A piscina é imensa e no seu entorno tem tanques com peixes e tartarugas imensas. Sua infraestrutura é bem completa e agrada a viajantes de lazer ou de negócios, famílias ou casais.





 
 
O passeio para o famoso "Encontro das Águas" dos rios Negro e Solimões parte inclusive do píer do próprio hotel, que tem um por do sol maravilhoso.
 







 
Importante destacar que janeiro é considerado inverno na região e chove pelo menos uma parte do dia. Com a chuva vem o vento e um friozinho ... Foi inacreditável passar frio no Amazonas no barco do Encontro das Águas. É importante levar um agasalho e uma capa de chuva.
 
O hotel também possui um espaço para crianças denominado "Tropi Kids", muito bem decorado e com diversos materiais, porém com pouca frequência de crianças. Os monitores poderiam ser melhor treinados em recreação, mas cuidam bem dos pequenos e propiciam aqueles momentos de relaxamento para os pais. Vejam que lindo o local.
 
 




 
 
Duas atividades que podem ser ressaltadas tanto para recreação infantil quanto adulta: pescaria no píer e aula de "arco e flecha".
 

 
 
Mesmo para quem não estava hospedado no hotel, poderia participar do Jantar Temático com Show Folclórico do Boi Bumbá, ilustrando o duelo da Festa de Parintins entre Boi Garantido e o Boi Caprichoso.
 
 
 
 
Também fiz uma visita ao Hotel Ariaú Amazon Towers, onde  não fiquei hospedada, mas realizei o passeio de um dia para conhecimento do estabelecimento.
 
Como sou professora de Turismo e Hotelaria seria muito importante conhecer um lodge ou hotel de selva.
Extremamente interessante verificar as palafitas e formato das construções gerais e das unidades habitacionais.
Para aqueles que buscam a natureza em seu estado puro vão adorar, pois está localizado realmente em plena selva.
Nada de conforto, pois se trata de um hotel rústico.
No entanto, para quem tem medo de bichos, é uma péssima ideia.
Lá os macacos andam soltos e, embora peçam para não alimentar e interagir, eles estão por toda parte atrás dos visitantes e em busca de comida. Atacam em bandos ...
Avistei uma arara azul, que comentaram que era a única que o IBAMA permitia no local !
Acredito que para outros animais somente a noite ...
Visitei o "quarto do Tarzan", que estaria muito bem hospedado - até com banheira !
Considerei o almoço mediano, mas com um pirarucu grelhado muito saboroso.
Possui uma pequena piscina para se refrescar, um pequeno auditório para palestras com um mini aquário.
Alguns quartos estão abandonados ... esperando reforma. Outros, porém, possuem piscinas privativas.
Os gringos adoram e aceitam pagar a cara diária, em torno de R$ 1.000 a R$ 2.000
 
 










 
 
Uma das vivências mais ricas que tive foi interagir com botos "cor de rosa". Na verdade são citados como "vermelhos" e quando saem da água a maioria é cinza, como golfinhos. No início dá um medo devido ao tamanho deles e à sua quantidade. É preciso seguir as instruções do guia de não colocar a mão para cima da água, pois tais animais enxergam pouco e imaginam que seja um peixe para comer e, assim, podem morder a mão dos visitantes.   
 
 





Andar de barco, canoa ou lancha pela selva é outra experiência extremamente agradável. Digo embarcações rápidas para passeios breves de turistas, pois existem aquelas nada confortáveis em que os moradores passam dias ... Assim, pode-se com sorte avistar um boto, mas além de aves e árvores, sobretudo comunidades ribeirinhas.





Almoçar no restaurante flutuante, sobretudo saborear os peixes regionais, como  o pirarucu e o tambaqui, depois conhecer o artesanato local (também na "loja flutuante") é muito bacana. Logo a seguir pegamos o caminho para avistar as famosas "vitórias régias".











 
Fiquei apenas 5 dias neste "paraíso" a ainda há muito que conhecer, como visitar as Ilhas Anavilhanas de hidrovião, fazer roteiro de sobrevivência na selva, conhecer as cachoeiras de Presidente Figueiredo, caçar piranhas ou fazer focagem noturna de jacarés.
Para quem pensa em encontrar muitos bichos no Amazonas, vai se decepcionar, pois é fato avistar botos, macacos, pássaros e borboletas. Com sorte algum jacaré e arara. Porém, onças ou preguiças, bem como outros animais selvagens, só ficando hospedado na floresta mesmo. Mais fácil ir para o Pantanal.
No entanto, sentir a floresta como um todo, mais flora e comunidades ribeirinhas, rios e embarcações, peixes e sabores locais, é um lugar mágico. Vale a pena demais !


 
 
 

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